terça-feira, 23 de setembro de 2008

Cultura afro-brasileira


15 de Maio de 2000 - Os dois trechos de A Casa da Água transcritos abaixo mostram elementos afro-brasileiros utilizados por Olinto para compor o perfil dos descendentes de escravos brasileiros, que regressaram à África. 'A avó dirigiu com energia as atividades do grupo. Não queria demorar-se ali. Conhecera Juiz de Fora muitos anos antes, ainda moça, recém-chegada da Bahia, sem entender a língua daquela gente, achando as palavras duras, lembrando-se da sonoridade das palavras que usara em casa, ekaró, odabó, mó fé jé, tudo tão claro, aberto, simples. Aprendera com raiva suas primeiras palavras em português, no princípio não queria falar a língua e fora exatamente em Juiz de Fora que se dera conta de que os sons lhe entravam sem esforço na cabeça e passavam a ter significado, um dia teve sede e pediu água, teve fome e falou que tinha fome.' 'O bom seria enterrá-lo no quarto, segundo o velho costume africano, deixá-lo enterrado no lugar em que vivera e onde pudesse ser sempre visto e lembrado, todos os dias a família colocaria um prato de comida ao lado do túmulo, o morto participaria das festas em casa, dos nascimentos, dos batizados, das danças, ouviria os tambores, saberia de tudo o que acontecesse, Padre O'Malley apareceu com sua sobrepeliz branca, encomendou o corpo, Mariana olhou mais uma vez para o rosto do morto.'

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Familia real


Abertura dos portos
Menos de uma semana após chegar à Bahia, o príncipe regente provocou uma verdadeira revolução na economia brasileira, ao decretar a abertura dos portos do país às nações amigas de Portugal. Era o fim do monopólio comercial português com o Brasil.

A medida permitiu que navios mercantes estrangeiros atracassem livremente nos portos brasileiros. O país passou a se beneficiar do comércio direto com a Inglaterra. Terminava o Pacto Colonial que, entre outras imposições, obrigava que todos os produtos das colônias passassem, primeiro, pelas alfândegas de Portugal. A decisão tem caráter histórico também por ser a primeira Carta Régia promulgada em território brasileiro, a 28 de janeiro de 1808.

Medicina e indústria
Em Salvador, o príncipe regente também fundou a Escola de Cirurgia da Bahia, embrião para a criação da primeira faculdade de medicina do Brasil. Erguida ao lado do Colégio dos Jesuítas (atual Catedral Basílica de Salvador), no Terreiro de Jesus, a Escola de Cirurgia - mais tarde Faculdade de Medicina - funcionou por mais um século no mesmo local, até ser incorporada pela UFBa (Universidade Federal da Bahia). Dois séculos depois, a obra deixada por dom João não perdeu o seu charme - suas salas centenárias abrigam grande parte do acervo da história da medicina do Brasil.